Os temores dos investidores sobre a recessão parecem "exagerados", diz Christine Lagarde, do FMI

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Os temores dos investidores sobre uma desaceleração econômica ajudaram a alimentar a drástica liquidação do mercado de ações na quinta-feira. Mas Christine Lagarde, do FMI, disse que, com base nos números do crescimento, ela não vê motivo para alarme.

“Não vejo os elementos de uma recessão em pouco tempo”, disse Lagarde, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, a Sara Eisen, da CNBC, em Washington na quinta-feira. “Ainda temos fortes projeções de crescimento para o próximo ano para os EUA.”

Lagarde mencionou uma série de outros fatores que pesam nos mercados, incluindo negociações comerciais entre os EUA e a China. A curva de rendimento, um barômetro preditivo observado de perto em Wall Street, também está perto de se inverter, mas Lagarde sublinhou que "não está lá totalmente".

“É um pouco exagerado - as previsões de 3.7 por cento para o crescimento [global] não são ruins”, disse Lagarde.

Os analistas tendem a observar a diferença nas taxas de juros entre os títulos do governo dos EUA. Eles comparam a taxa do Tesouro de 2 anos, por exemplo, com a do Tesouro de 10 anos de referência, e essa relação pode muitas vezes sinalizar que uma recessão está no horizonte. A taxa de juros de 2 anos já ultrapassou a nota de 5 anos de curto prazo, um movimento que sugere que a "economia está prestes a enfraquecer", disse Jeffrey Gundlach da DoubleLine Capital à Reuters em entrevista na terça-feira.

Quanto às preocupações comerciais, Lagarde disse que viu um “acordo real” entre os presidentes Xi e Trump durante a reunião do G20 em Buenos Aires. O calendário de 90 dias, que alguns questionam ser uma realidade do lado chinês, é factível, segundo Lagarde.

“O que aconteceu no fim de semana deve ser uma garantia”, disse Lagarde, referindo-se às negociações comerciais. “Há um desejo de trabalhar juntos para avançar e resolver esses problemas.”

Ainda assim, Lagarde disse que é preciso haver “boa vontade” entre as duas maiores economias para que as negociações tenham força. Isso parecia menos provável esta semana, após a prisão de um importante executivo chinês.

Autoridades canadenses prenderam o diretor financeiro global da empresa chinesa de tecnologia Huawei em Vancouver, onde ela enfrenta a extradição para os Estados Unidos. A prisão de Meng Wanzhou, filha do fundador da empresa, está supostamente relacionada a violações das sanções dos EUA contra o Irã.

“Eu não colocaria isso na mesma cesta que a determinação para os dois líderes tratarem de questões comerciais”, disse Lagarde.